Você já ouviu falar na Narcolepsia? Assim como outros distúrbios do sono, a Narcolepsia afeta não apenas a qualidade do sono, mas também a vida de quem detém o problema. Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), 1 em cada 2.000 pessoas sofrem com o distúrbio. Alem disso, estima-se que 3 milhões de pessoas sejam vitimas da doença. Entre os principais sintomas estão sonolência diurna, cataplexia e alucinações ao adormecer ou acordar.
A boa notícia é que a Narcolepsia tem tratamento que pode incluir o uso de medicamentos e terapia. Nesse artigo, vamos explorar mais a fundo as causas, diagnóstico, sintomas e tratamentos da Narcolepsia. Confira!
O que é narcolepsia?
A narcolepsia é um distúrbio neurológico crônico que afeta o controle do sono e da vigília. Dessa forma, pessoas com narcolepsia experimentam uma série de sintomas, sendo o mais característico a sonolência excessiva durante o dia. Além disso, a narcolepsia pode incluir outros sintomas, como:
- Cataplexia;
- Alucinações hipnagógicas;
- Paralisia do sono;
- Sonolência repentina e irresistível.
A narcolepsia é causada por uma deficiência de uma substância química cerebral chamada hipocretina (também conhecida como orexina), que desempenha um papel importante na regulação do ciclo sono-vigília. A causa exata da falta de hipocretina não é completamente compreendida, mas fatores genéticos e ambientais podem desempenhar um papel no desenvolvimento da narcolepsia.
O tratamento da narcolepsia envolve geralmente o uso de medicamentos, como estimulantes para combater a sonolência diurna e antidepressivos para controlar os sintomas da cataplexia. A gestão adequada do estilo de vida, incluindo a manutenção de uma programação de sono regular e a prática de hábitos saudáveis de sono, também é importante.
Sintomas de narcolepsia

Como vimos, os principais sintomas da Narcolepsia são a cataplexia, alucinações, paralisia do sono e sonolência excessiva. Em seguida, vamos entender melhor cada um dos sintomas e como eles se manifestam.
1. Sonolência Diurna Excessiva (SDE)
A sonolência diurna excessiva é o sintoma mais comum e distintivo da narcolepsia. As pessoas afetadas experimentam uma sonolência intensa e irresistível durante o dia, independentemente da quantidade e de horas que dormiram durante a noite. Esses episódios de sono podem ocorrer em momentos inapropriados, como durante reuniões, conversas ou enquanto dirigem.
2. Cataplexia
A principal caracteristica da Catapexia é a perda súbita do tônus muscular, levando assim à fraqueza muscular temporária. Ela é frequentemente desencadeada por emoções fortes, como riso, surpresa, raiva ou excitação. Assim, a gravidade da cataplexia varia, desde uma fraqueza leve nos músculos faciais até uma perda total de controle muscular, levando à queda.
3. Alucinações Hipnagógicas
Essas alucinações ocorrem durante o início do sono, quando uma pessoa está prestes a adormecer. Assim, elas podem ser vívidas e assustadoras, envolvendo figuras, sons ou sensações que não são reais. Geralmente, as pessoas têm dificuldade em distinguir entre essas alucinações e a realidade.
3. Paralisia do Sono
A paralisia do sono é uma sensação temporária de incapacidade de se mover ou falar ao adormecer, ou acordar. Ela ocorre quando os músculos voluntários não respondem temporariamente, embora a pessoa esteja consciente. Essa experiência pode ser assustadora, pois geralmente está associada à alucinações e uma sensação de opressão no peito.
4. Sonambulismo e Movimentos Rápidos dos Olhos (REM)
Algumas pessoas com narcolepsia podem apresentar sonambulismo e movimentos rápidos dos olhos durante o sono REM. Isso pode incluir comportamentos automáticos realizados sem plena consciência, como comer ou caminhar durante o sono.
É importante destacar que nem todas as pessoas com narcolepsia apresentam todos esses sintomas que podem variar em gravidade de pessoa para pessoa. Assim, o diagnóstico da narcolepsia geralmente envolve uma avaliação clínica completa, que pode incluir estudos do sono, questionários e, em alguns casos, testes laboratoriais para medir os níveis de hipocretina no líquido cefalorraquidiano. O intuito do tratamento é aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Diagnóstico para Narcolepsia
O diagnóstico da narcolepsia geralmente envolve uma abordagem abrangente que inclui avaliação clínica, entrevista médica, estudos do sono e, em alguns casos, testes específicos. Confira, em seguida, as principais etapas.
História Clínica e Entrevista
O médico realizará uma entrevista detalhada para obter informações sobre os sintomas do paciente, incluindo padrões de sono, sonolência diurna, cataplexia, alucinações hipnagógicas, paralisia do sono e outros sintomas relacionados.
Questionários e Registros de Sono
O médico pode solicitar ao paciente que este mantenha um diário do sono por alguns dias, registrando os padrões de sono, cochilos diurnos, atividades antes de dormir e outros comportamentos. Questionários específicos, como o Índice de Sonolência de Epworth, também são ferramentas para avaliar a sonolência diurna.
Estudos do Sono (Polissonografia)
A polissonografia é um teste noturno que monitora diversas variáveis durante o sono, como padrões de ondas cerebrais, movimentos oculares, atividade muscular, ritmo cardíaco, respiração e outros. Durante esse teste, o médico pode observar se há sinais de distúrbios do sono, como apneia do sono, e identificar os padrões de sono REM e não REM.
Teste de Latência Múltipla do Sono (TLMS)
O TLMS é um teste diurno que mede a sonolência e a rapidez com que uma pessoa entra em sono durante períodos de descanso durante o dia. É realizado logo após a polissonografia noturna e geralmente consiste em uma série de cochilos programados em intervalos de duas horas.
Teste de Orexina (Hipocretina)
Em alguns casos, especialmente quando o diagnóstico não é claro, o médico pode recomendar a realização de testes para medir os níveis de orexina (hipocretina) no líquido cefalorraquidiano. A narcolepsia com cataplexia tem relação com baixos níveis de orexina.
O diagnóstico da narcolepsia pode ser complexo, e é importante ser realizado por um especialista em medicina do sono. O tratamento geralmente envolve uma combinação de abordagens farmacológicas, terapia comportamental e ajustes no estilo de vida para gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Em seguida, vamos explorar um pouco mais cada um dos tratamentos.
Tratamento para narcolepsia
O tratamento da narcolepsia geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar que combina medicamentos, terapia comportamental e mudanças no estilo de vida. O objetivo é controlar os sintomas, melhorar a qualidade do sono e minimizar o impacto da narcolepsia na vida cotidiana.
- Medicamentos Estimulantes:
- Modafinila e Armodafinila: Estes são medicamentos estimulantes que ajudam a combater a sonolência diurna excessiva.
- Metilfenidato e Anfetaminas: aumentam o estado de alerta durante o dia. No entanto, eles têm potencial para efeitos colaterais e, por isso, são geralmente usados com cuidado.
- Antidepressivos (para Cataplexia):
- Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS): Medicamentos como fluoxetina, paroxetina e sertralina controlam cataplexia.
- Tricíclicos: Antidepressivos tricíclicos, como clomipramina, reduzem os episódios de cataplexia.
- Terapia Comportamental:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Pode ser útil para abordar questões do sono e desenvolver estratégias para melhorar a higiene do sono.
- Educação do Paciente: Informar o paciente sobre a condição, seus sintomas e estratégias para gerenciamento.
- Programação Regular de Sono:
- Estabelecer uma rotina de sono regular, com horários consistentes para dormir e acordar
- Cochilos Programados:
- Cochilos planejados durante o dia podem ser benéficos para gerenciar a sonolência diurna.
- Evitar Gatilhos de Cataplexia:
- Identificar e evitar situações emocionalmente carregadas que desencadeiam cataplexia pode ser útil.
É importante ressaltar que o tratamento é personalizado e deve ser adaptado às necessidades individuais de cada paciente. A orientação de um especialista em medicina do sono é crucial para o diagnóstico preciso e o desenvolvimento de um plano de tratamento eficaz. Além disso, o acompanhamento contínuo é essencial para ajustar o tratamento conforme necessário e garantir que o paciente esteja alcançando os melhores resultados possíveis.
Narcolepsia causas

A narcolepsia é um distúrbio neurológico complexo, e as causas exatas não são totalmente compreendidas. No entanto, há evidências de que o distúrbio está associada a uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Estudos indicam que pessoas com parentes de primeiro grau (como pais ou irmãos) afetados pela narcolepsia têm um risco aumentado de desenvolver a condição.
A exposição a fatores ambientais, como estresse, mudanças nos padrões de sono, turnos de trabalho irregulares e outros eventos que afetam o ciclo sono-vigília, podem desempenhar um papel no desenvolvimento ou na manifestação dos sintomas da narcolepsia.
Além disso, a narcolepsia com cataplexia é frequentemente associada à deficiência de uma substância química cerebral chamada orexina, também conhecida como hipocretina. Essa substância é produzida no hipotálamo e desempenha um papel importante na regulação do sono e da vigília.
Em muitos casos de narcolepsia com cataplexia, há evidências de um processo autoimune que resulta na destruição das células produtoras de orexina no hipotálamo. Alguns estudos também sugerem que infecções virais, como influenza (gripe), podem desempenhar um papel no desencadeamento do problema. Isso porque certos vírus podem acarretar uma resposta autoimune que afeta as células produtoras de orexina.
Por fim, anormalidades nas áreas do cérebro que regulam o sono e a vigília, como o hipotálamo e as estruturas relacionadas, também podem contribuir para a narcolepsia.
Narcolepsia
É importante notar que a narcolepsia é uma condição complexa e que diferentes subtipos de narcolepsia podem ter diferentes bases causais. Por exemplo, a narcolepsia tipo 1 (com cataplexia) e a narcolepsia tipo 2 (sem cataplexia) podem ter características distintas em termos de etiologia.
O diagnóstico da narcolepsia geralmente envolve a avaliação de um profissional de saúde especializado em medicina do sono, que pode realizar testes específicos, como estudos do sono e, em alguns casos, testes de líquido cefalorraquidiano.